quarta-feira, 4 de maio de 2011

Memorando de entendimento com a Troika

Hoje foi anunciado o memorando de entendimento da Troika, pondo fim a mais de 3 semanas de especulação e sofrimento...

Antes de mais há que tirar o chapéu aos senhores da Troika, são de facto uns excelentes profissionais e conseguiram criar um programa de tal subtileza que até eu por instantes vi-me a pensar que afinal até não é mau!
Mas a realidade é outra, quase todas as medidas são altamente prejudiciais ao país, todos os portugueses estarão sujeitos a perda de rendimentos, agravamentos de todo o tipo de condições de vida, senão vejamos:

- Aumento de impostos em sede de IRS, por exemplo tributação de subsídios, como o de desemprego, maternidade e paternidade e por ai fora...
- Facilitação dos despedimentos através da redução dos valores de indemnização do despedimento, com o ridículo que serão os trabalhadores a pagar 50% desse valor
- Aumento das taxas moderadoras de acesso à saúde
- Diminuição do subsídio de desemprego.
- Diminuição da comparticipação da taxa social única
- Aumento na electricidade
- etc....

De referir que 15% da ajuda será dada à banca, banca essa que continua a apresentar lucros abismais todos os trimestres, não me parece que necessitem dessa ajuda para continuarem a apresentar lucros.

As medidas apresentadas são recessivas, porque não é preciso ser economista para perceber que se recebe menos e as coisas são mais caras, consome-se menos, fecham mais empresas, mais gente para o desemprego, que ainda por cima não vão ter uma menor indemnização e menor valor de subsídio de desemprego, logo menos consumo, logo mais desemprego... alguém me explica onde é que isto faz recuperar a economia.

A ajuda externa parece-me apenas servir para empurrar para nova ajuda, não podemos esquecer que no meio disto tudo quem beneficia é o FMI que vai receber juro de 78 mil milhões!

Troika não corta salários

Fiquei muito surpreendido com diversas das medidas da Troika, fiquei particularmente surpreendido com o anuncio que não vai haver cortes salariais ou nas pensões... apeteceu-me quase aplaudir!

Mas depois li as letras pequenas, aumentos de imposto em sede de IRS, mesmo para quem está a receber subsídios de desemprego e outras ajudas.

Bem vistas as coisas não só não cortaram os salários dos funcionários públicos, como cortaram todo o tipo de subsídios e também os salários do sector privado, o que é bem mais gravoso, apenas não têm coragem de o chamar como tal, porque na realidade todos os portugueses vão ter menos rendimentos líquidos no fim de cada mês, ou seja é um corte salarial para todos os efeitos.

Estas acções cosméticas servem para, como o povo diz, lançar areia para os olhos dos portugueses.

Princípios fundamentais

Como qualquer República, a República do Faz de conta precisa de uma lei fundamental, também conhecida por constituição.

Apresentarei aqui alguns desses artigos comentados para que todos entendam o que neles está escrito:


Artigo 1.º
República do Faz de Conta
A República do Faz de Conta é uma República soberana, baseada na dignidade da pessoa humana e na vontade popular e empenhada na construção de uma sociedade livre, justa e solidária.

(...)
Artigo 13.º
Princípio da igualdade
1. Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei.
2. Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual.

(...)
Artigo 53.º
Segurança no emprego
 É garantida aos trabalhadores a segurança no emprego, sendo proibidos os despedimentos sem justa causa ou por motivos políticos ou ideológicos.

(...)
Artigo 58.º
Direito ao trabalho

1. Todos têm direito ao trabalho.
2. Para assegurar o direito ao trabalho, incumbe ao Estado promover:
a) A execução de políticas de pleno emprego;
b) A igualdade de oportunidades na escolha da profissão ou género de trabalho e condições para que não seja vedado ou limitado, em função do sexo, o acesso a quaisquer cargos, trabalho ou categorias profissionais;
c) A formação cultural e técnica e a valorização profissional dos trabalhadores.


Estes artigos são apenas alguns dos 296 artigos que fazem parte da constituição em tudo idêntica à de Portugal, mas ao contrária desta cumpre todos estes artigos à risca e procura de facto procurar construir um país onde todos contribuem de forma justa para o bem estar geral, para que não haja injustiças na distribuição da riqueza nacional, evitando que hajam assimetrias tais que uns tenham tudo e outros não tenham nada. Não se pretende com isto retirar o mérito individual, mas sim que todos os cidadãos tenham o dever cívico de solidariedade.
Cabe também ao estado promover políticas de igualdade de oportunidades, a começar por ele próprio, por forma a que todos tenham iguais oportunidades de acesso ao trabalho e que seja apenas o mérito individual o factor de escolha.
Deverá o estado, empresas e cidadãos zelarem pela segurança no trabalho, para que essa insegurança não seja uma arma de opressão sobre os trabalhadores.

Aqui apresentei  apenas algumas notas sobre o que deveria ser um estado... descubram as diferenças.

Auto proclamação da República do Faz de Conta

Pouco ou nada tenho escrito neste blog mas o desenrolar dos acontecimentos no país desde o meu último post, despoletaram em mim um verdadeiro espírito de activista.

Por estes motivos e mais alguns decidi auto proclamar os 3 cm em meu redor como a República do Faz de Conta, da qual serei presidente.

Irei governar a República do Faz de Conta como se fosse Portugal, mas fazendo de conta que Portugal é um país de governantes sérios e que se preocupam com as pessoas.

As medidas que apresentarei poderão ser aproveitadas pelos reais governantes do país sem que sejam cobradas quaisquer direito intelectual.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

O Sr do Adeus

Num país em que tudo tem um preço, em que o sacrifício é pedido a quem menos tem e os que tudo têm acham que dispensar um pouco do que têm é um grande sacrifício, de quando em vez cruzamos-nos com personagem que encaram este mundo de forma diferente.

João Manuel Serra, conhecido pelos lisboetas como o Sr. do Adeus, adoptou uma actividade na sua vida que é tão simples como acenar ao desconhecido que passa dando um adeus! Para muitos será um acto de loucura, para outros apenas uma opção de vida, mas o facto é que João por loucura ou opção consciente fez muita gente sorrir.

O Sr. do Adeus era um dos desconhecidos mais conhecidos da Capital, poucos sabem realmente a sua história, ou as suas motivações, pessoalmente acho que se perdeu um icon de Lisboa, pela sua peculiar forma de viver. Estaria mesmo tentado a pedir que fosse erguida uma estátua na Praça do Saldanha junto ao semáforo, onde João ficava durante cerca de 1h todos os dias a partir da meia noite acenando aos automobilistas, muitas vezes depois de ir à sessão das 21h nos cinemas do El-Corte Ingles onde era cliente assíduo e alimentava e saciava a sua grande paixão pelo cinema.

Resta-me dar um último adeus e uma última buzinadela a este amigo de todos os lisboetas... Adeus João...

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Como um grande investidor faz dinheiro

Vamos imaginar o seguinte cenário, eu sou um grande investidor com um bom capital para investir.
Olhei hoje para as acções da EDP e estão a 2,72€, pois as cotações da EDP têm estado baixas desde o início do ano.
Comprei 1.000.000 de acções, portanto gastei 2.720.000€ nas acções, de seguida ligo para um amigo meu que costumo encontrar no campo de golfe e de quando em vez jogamos juntos, ele trabalha numa corretora de destaque e sugiro-lhe que se fizer uma recomendação para as acções da EDP lhe consigo arranjar uma comissão de 20%.
No dia seguinte aparece a recomendação de aquisição nos jornais e sites da especialidade e como consequência a procura das acções aumenta, preço vai subindo com os seus altos e baixos.
Ao fim de 1 semana as acções valorizaram 5% e valem agora 2,86€, por isso a venda rende-me 2.860.000€, o que me dá um lucro de 140.000€, daqui tenho de entregar 20% ao meu amigo o que equivale a 28.000€ e assim fico com 112.000€.

Digamos que fora outros investimentos nesta semana ganhei 112.000€, o que até vem mesmo a calhar porque estava a pensar em comprar um carro novo.

Este é um cenário simplificado de algo que se passa no dia a dia dos mercados financeiros, claro que para simplificar as coisas retirei os impostos devidos, mas dá para perceber a ideia.

Bons investimentos

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Medidas de coragem!

Ora pois cá estamos!

Orçamento de Estado e não se fala de outra coisa, em todo o caso hoje após o PSD ter anunciado algumas condições para as negociações, eis que o Governo marca uma conferência de imprensa para reagir ao comunicado, para ser franco não ouvi com atenção a reacção, mas deu para ouvir o suficiente para saber que segundo o porta voz do Governo, este orçamento é um orçamento de coragem!...

Esperam lá! De coragem?! Um orçamento de estado que é feito para ceder a toda e qualquer pressão externa ao país... ah e tal que vem ai o papão do mercados e se não fizermos isto assim vem-nos açoitar e depois vêm os meninos do FMI tomar conta de nós!

Cobardia! Este orçamento não é mais que um puro acto de cobardia, ceder à pressão dos mercados que nos esfolaram vivos fazendo que na generalidade dos estados aumentassem os seus défices para ajudar o sector financeiro e agora o mesmo sector cobra juros altíssimos porque o défice é elevado e se o Governo não puser o povo encolhido e em dificuldades ainda aumentam mais, porque cortar nas regalias do sector financeiro é que não pode ser!

Coragem teria sido um orçamento que resolvesse os problemas estruturais do país em vez de andar podar as ramas da árvore para ficar mais bonitinho, mas a árvore continua doente.
Coragem seria não ceder à chantagem dos mercados e colocar o sector responsável por tudo isto a contribuir um pouco mais porque até hoje só serviram para acumular riqueza para alguns.
Coragem seria criar condições para que o sistema produtivo do país se desenvolvesse para diminuir importações e aumentar exportações.
Coragem seria pedir o dinheiro de volta de todas as derrapagens orçamentais que as obras públicas têm e sempre tiveram.
Coragem seria obrigar os grandes grupos económicos a reinvestir parte dos lucros obscenos que obtêm em Portugal em vez de passarem a vida a meter o dinheiro fora do país contribuindo assim para a criação de novos empregos e riqueza. 

Saudemos o nosso país de governantes de coragem inquestionável e que irão conduzir-nos a um futuro próspero e brilhante com a bênção dos deuses dos mercados.